quinta-feira, 13 de agosto de 2009

DE TEMPO EM TEMPO

De tempo em tempo ardo como um cigarro
planando na tarde meio desconfiado
sem pistas para seguir o silêncio
que dantes em mim encontrava
De tempo em tempo fico como aquele cortinado
a filtrar a luz das palavras duras
por ter os sentimentos amargurados
como que quando acaba um rebuçado
De tempo em tempo fico como a chuva na janela
esbarro mas não passo por ela
e tudo em mim se transforma
como uma nata sem canela
De tempo em tempo só o sol me guarda
fazendo da vida um doce espreguiçar
quando eu e a minha sombra
paramos por momentos de lutar
De tempo em tempo só o tempo me faz
fundindo-se em curva própria
apagando a memória do que vem de trás
relativizando as coisas boas e más

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