quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

FOSSA DE BABEL FIM DO ANO E DA DÉCADA




Babel é cinzenta. A fossa é negra de existência e de sentidos. Estou aqui no corredor em pastilha que dá para todo o bloco meio ébrio com uma garrafa de absinto que me deixa com as feridas antigas no estômago a arder mas faz-me esquecer de alguma obesidade com a leveza de sentimentos que me provoca.
A fossa é obscura e húmida, mas hoje cai uma neve artificial (um composto feito dos resíduos das chaminés das fábricas sempre se recicla alguma coisa) e ouvem-se ecos de gargalhadas por todos os apartamentos e lá em baixo no pátio a tribo das crianças está endiabrada.
Vou sorvendo mais pequenos golos e começo eu a ficar emocionado com todo o cenário de alegria desta contagem final para a nova década espero que com mais luz que a presente de resto não me posso queixar, não passei fome nem me faltou algum carinho mas sinto falta de fazer (ter) uma família.
Olho para o céu e os holofotes gritam meia noite começa o fogo de artifício como se fossem anjos abrilhantando o céu na noite das mudanças.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Fossa de Babel Episódio 37

No meu bloco AK47 (pura coincidência) habitam todo o tipo de pessoas quero dizer com isso de todos os credos e de todas as raças. Ao lado esquerdo mora Boris um Ucraniano de meia idade que apresenta um olhos azuis tristes talvez reflexo do infurtunio da vida. Passo a explicar.
Boris trabalha actualmente numa firma de transportes urbanos calha-lhe frequentemente fazer carregamento de pianos perfeitamente embalados num compartimento de madeira o que lhe castiga mais a saudade, é que Boris antes desta vida de carregador de pianos foi professor do mesmo na Conservatório Nacional da Ukrania.
Calha que outro dia num dos habituais transportes a dona do piano pediu ajuda para o instalarem de vez lá em casa. Depois de desempacotado e polido Boris explodiu:
- Que Nostalgia!
A dona da Casa não deixou de o ouvir e como boa conversadora que era perguntou-lhe pela sua história. Depois de Boris a ter contado Dona Eleonora insistiu que Boris se senta-se ao piano, o que fez aproveitando para matar saudade dos dedos presos colados às teclas mas que prontamente começaram a fluir tocando excertos de concertos para piano de vários compositores não conseguindo evitar lágrimas era como se fosse Natal a primeira vez desde que chegou à Fossa.
Dona Eleonora encantada perguntou-lhe se estava afim delhe dar umas lições, Boris disse-lhe que não podia descurar do seu emprego de carregador de pianos mas se fosse fora do horário convencional que lhe agradecia do fundo do coração.
Boris tem passado por mim no corredor menos carregado dos seus olhos azuis, mais alegres como o mar sentindo-se uma melodia que transborda à sua volta afinal recuperou a sua música de volta e quem sabe seja o prenuncio de uma nova oportunidade junto aos pianos.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Fossa de Babel Episódio 36


O escritor procurava as palavras no teclado o fim do ano aproximava-se e ele não tinha o manuscrito prometido ao editor e o pior de tudo é que tinha uma série de rendas acumuladas por pagar e já não se lembrava da última refeição decente que tomava quase sempre substuituidas por uma caneca de café e uma torrada.
Do seu quarto andar via a vida a passar lá fora, mas o mundo deve estar cheio de escritores solitários numa grande cidade com histórias sobre os seu fantasmas e desencontros.
Tinha de ser agora ou a sua vida voltava para trás, preparou a última porção de café á qual juntou o resto da garrafa de bagaço que o Avô lhe tinha dado nas férias e como que sentiu os seus instintos de escrtita ao virem ao de cima.
Então falou da cidade essa que lhe andava fugida, dos seus jardins, das suas encontas e colinas, do seu rio e de mais além do seu mar. Falou da cidade virtual da internet e das pessoas e das viagens que fez para as conhecer, fartou-se de escrever nessa noite nem se lembramdo de adormecer.
Acordou deitou a barba abaixo vestiu-se a rigor a passou por minha casa bebemos café com bagaço de novo enquanto discutiamos o que tinha escrito.
Ele num acesso de lucidez disse-me.
- Será que vale a pena "vender a alma ao diabo" por falta de assunto maior?
Sorri e retorqui-lhe:
- Deixa lá a realidade é a pior das realidades como alguém já disse, é a ela que estamos presos.
-Acredita que me ajustas-te!
Seguiu para casa e começou a escrever sobre os verdes campos da infância junto ao seu avô e a história da narração inicial tomou rédeas acabando por se tornar num belo livro que acabo de ler andando toda a gente aqui na Fossa a fabricar bagaço clandestinamente devivo a uma das personagens do livro penso ser inspirada do avo do meu amigo escritor.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

sábado, 26 de dezembro de 2009

Fossa de Babel Episódio 35




As vagas batem frias na manhã gelada e toda a fossa parece ressacar dos presentes e do excesso de comida o possível por agora lembro-me de quando o excesso de lixo por pessoa era de 15 kg(penso que é mesmo o número da actualidade a minha história passa-se num futuro próximo) por dia e teve que ser reduzido por já não haver mais pinhais disfarçados da aterros possíveis.
Já inventamos tantas coisas porque não invertamos um natal dos três ERRES...os três reis, reduzir, reciclar, reutilizar muita coisa fica pelo caminho. Podem-se reaproveitar os papeis de embrulho(quem tiver jeito e paciência) fazer árvores de Natal com material reciclável e mais não digo para não acabar como chip de bricolage ligado :).
Poderíamos começar a guerra do Natal dos 3R para o bem das gerações futuras agora que o próximo Natal vem aí vindo e como se diz "Natal é quando o homem quer." mesmo quando não deixem os fascistas e que me perdoem os amigos que te tenho.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

feliz natal

Para o António Soares:

"Ferido de natal
encontro paz na trincheira
um cigarro habitual
nesta noite derradeira."

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

ESPECIAL FOSSA DE NATAL


A Fossa é engraçada por vezes...gosto de frequentar a rua das livrarias e das galerias de arte hoje Véspera de Natal entrei numa velha Livraria e perdi-me por entre os títulos à procura de um Conto de Natal menos conhecido.
Nenhum entre o Franceses, nenhum entre os Britânicos e Alemães, nenhum entre os Portugueses e estava a perder a esperança na minha busca quando o Dono da Livraria um personagem misterioso se dirigiu para mim e disse:
- Procura o tal Conto de Natal!
-Como é que adivinhou -retorqui eu.
-Ahahahha é que todos anos na véspera de Natal esta porta abra-se num portal magico e toda a gente que aqui entra tem necessidade de procurar tal livro, mas como o senhor sabe já não existe muita gente a ler livros Ahahahahaha por isso a livraria não é muito concorrida e você foi o único cliente a entrar hoje.
-E o tal conto existe mesmo?
-O conto que procuras está dentro de ti, no teu lar na tua família que te espera....
-Compreendo, mas mesmo assim preciso de uma prenda de Natal....
-Não te preocupes podes levar um Bibliazinha eu faço-te um "DES"CONTO de NATAL Ahahahahahaha.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Fossa de Babel Episódio 34



Sector alpha 7 de produção agricula...eu e mais um camarada "ajeitamos" as couves para a consoada. Explico-lhe calmamente que temos direito a 15 minutos de descanso quer pela manhã quer pela tarde...o meu companheiro um homem rijo de ultramar recusa-se a aceitar essas coisas que o serviço não espera e outras operação que tais.
Mas não é isso que nos separa o que nos separa é a velociadade e a capacidade com que ele é dotado para fazer as coisas manuais (e as outras também) denotando que a minha geração (e irão duas de diferença) é um conceito muito vago é muito mais dada a problemas psicoticos devido ao estilo de vida que nos foi herdado (não fomo nós que deitamos a bomba em Hiroxima mas ainda estamos no Afeganistão e no Iraque).
Hoje não estamos muito faladores, normalmente este camarada dá-me cabo da cabeça pelos meus modos e pelos meus usos e eu nem sempre tenho paciência para o ouvir mas hoje denoto-lhe tristeza, as couves foram mal tratadas por alguém e têm alguns alguns caracois (não muitos a natareza é perfeita) noutros tempos um homem tinha que cavar para alimentar a familia e perdia a estrela se não o consegui-se.
O meu camarada hoje está um pouco triste o meu camarada é o meu Pai.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Fossa de Babel Episódio 33

Estou mesmo chateado...para não dizer fodi.....mas é difícil expor isto em palavras sem aleijar ninguém e sem bater nas pessoas erradas. Mas o melhor é engolir parte do orgulho e deixar-me ir por a fossa fora admirando as pessoas a comprar prendas sempre nos distraímos quando não podemos fazer mais nada sem ser-mos castigados.
As colunas nas ruas disparam vozes cristalinas com músicas de Natal quase que nem se dá conta que é a Associação Comercial que toma conta da programação musical. Bolas azuis gigantes reluzem pelas ruas fazendo a alegria da pequenada e ainda bem que é assim para "fundido" basto eu.
Arrasto-me para casa normalmente nestes dias parece que toda a gente se serve da minha energia como se se fosse um gelado mas torno-me de novo abrasivo com a alegria do lar e é isso faltam 4 dias para o Natal.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

sábado, 19 de dezembro de 2009

Anotações 020



Sentado na cadeira giratória...assim como a Terra ganho eixo e posso entrar em rotação. Na radio passa Air "kelly watch the stars" e fico nostálgico arrisco muito triste até.
A vida não é mais que uma pirueta em queda livre no que diz respeito a relações entre pessoas. Julgava-as mais solidas mais feitas de matéria verdadeira independente das mentiras que possam existir. Mas atirar areia para os olhos quando não se está interessado na amizade dessa pessoa durante anos afio não me parece correcto.
A vida assim é um jogo sujo, uma espécie de cabra cega onde a pessoa que está de olhos vendados está condenado a cegar para sempre e a cada amizade que murcha cada filamento que morre.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Fossa de Babel Episódio 32


Escuridão. Achas-me um ser escuro?
Imagina-te numa caixa sem luz donde te põem com um mordaça durante anos com a agravante de ouvires a tua voz gravada em todos os lugares da tua memória.
PRIMEIRO: primeiro é a fase da paranóia, não sabes onde estás, não podes pedir socorro e a ansiedade começa a fazer de ti um monstro na escuridão.
SEGUNDO: a mordaça desfia-se de tanto nos babarmos-nos nela ensaias uns berros de socorro mas nada te sai e tornas-te um ser na escuridão desta vez sem mordaça mas sem fala
TERCEIRO: acomodas-te ao negro mas salvam-te a recordação da luz de alguns sorrisos

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Anotações 019

O frio aperta. Nas terras altas os farrapos leves da neve mal caiem fazem pesados estragos. Mas no silêncio branco da paisagem a beleza torna-se esmagadora...eu sei disso vi pela televisão :).
Acordei pela manhã a cantar mas já verti umas lágrimas parece o ditado têm razão...quem canta antes do pequeno almoço chora antes do almoço, e imagino-me a chorar flocos de neve talvez fosse sinal que era uma gajo mais duro.
Bem antes que acabe o texto a esfregar as mãos mando-me de volta para certas montanhas onde fui feliz....muito feliz.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Desapontamentos 0023


A árvore no meio dos prédios
que vejo pela janela aberta
foge para um céu
rumo a parte incerta
para onde fugiria eu
se como ela não tivesse raízes
para onde fugiria eu
à procura de dias felizes
cheios como o sol do verão
numa esplanada junto ao mar
quentes como o vinho ao serão
a acompanhar a conversa
que se faz em paz
deixando a noite dispersa

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Espelho quebrado meu!



Todos os espelhos explodem ao ver-me neles e se alguém o fez para me chatear por vezes consegue, mas maioritariamente das vezes acabo por me divertir com a situação o que me deixa feliz (quase "gay"- os menos informados já devem rejubilar de alegria...tas a ver a afinal ele é mesmo g....).
Alguém da radio imaginária diverte-se a chamar-me gay ( não deveria escrever isto duas vezes) e na radio toca uma balada de desencontros, tive alguns na minha vida e vou tendo alguns encontros que sabem iguais.
Alegrias...aguaceiros coisas parecidas, flor num vaso abertos ao sol mas de pernas presas com a alma a ganhar raízes isto tudo porque comecei a lavar os pés (isto não é para meter nojo), fica a dúvida.
Mas agora parece que não há nada a fazer esquecer o sonho nómada por mais tempo de vida parece-me uma boa troca mas ainda existe tanto mundo que quero ver se me deixarem independentemente dos credos e das raças.
Alguém da Radio é "máuzinho" com os seus ouvintes mas eu tenho uns anos de paciência.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Fossa de Babel Episódio 31

Não tenho razões para escrever. Não tenho pensado muito...ou melhor não tenho diversificado muito o meu pensamento. E filosofar é pensar e bem se possível..
Vagas sucessivas marcam élipticamente o movimento cósmico da cidade e eu deparo-me com armadilhas camaleónicas em formas humanas.
Mas nem tudo é triste apesar de camaleónico vejo um andarilho sentado ao sol sorvendo alegramente uma garrafa de vinho partilhando-o com o jardim em frente ao mar na liberdade dominical matinal sem querer romantizar muito a situação porque a vida ao livre nesta altura do ano deve custar....e de "carago"!
Agora já sou eu camaleónico que me dirijo a casa em mutações vertiginosas ao ritmo de quem passo preciso de chegar a casa e tomar os comprimidos para parar com a mesma.
E neste domingo parece que toda a fossa se camuflou.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Fossa de Babel Episódio 30


Sinto os campos à volta minados, não param de cair folhas digitais que envenenam a terra e sinto-a aos poucos a ficar desgostosa. Estou com a enxada nas mãos depois de reflectir comicamente lembrei-me de lhe chamar inchada (que é o que ela faz com as minhas mãos).
Não sou grande cavador falta-me o jeito e a genica, só o consigo fazer por raiva puxando os meus instintos mais escuros ( são muitos anos de secretária e mesmo falta de educação na matéria).
Sigo o carreiro um, dois, fazendo-a saltar com alguma ordem que é requerida limpando agora o suor que faz arder os olhos e me envinagra a boca fazendo-me pensar nos tormentos que Cristo passou.
Mas não é só vida dura é tempo de parar um pouco beber um pingato de água e ouvir os melros e pintassilgos que brincam por entre as árvores do ribeiro.

Ruivas Resinosas



sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Anotações 017



Um regresso tem algo de nostálgico. É a altura de apagar a saudade por muito amarga que possa ser e matar esse luso-sentimento quer nas pessoas, ruas e animais qualquer lugar onde a nossa alma ficou como dada.
E junto duma praia que se renova em novos ciclos talvez se possa fazer novos compromissos mas o passado pesa como um duro pulhal trespassado nos costados.
Mas venha o mar e a sua liberdade e a anarquia das suas ondas que não batem em parte certa.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Anotações 016


Longe das estatísticas e dos média, longe das grandes manifestações em Copenhaga resta-me dizer que a única coisa possível fazer foi resolver o assunto da água que se gasta no autoclismo. Um assunto de "merda" dirão vocês com tamanhos dossieres que estão na mesa.
Mas as primeiras coisas em primeiros lugar e cá por casa havia sempre guerra quando urinavamos gastando a descarga de água desnecessariamente. O meu pai incontornável engenhocas arranjou um simples dispositivo que resulta plenamente.Vamos ver como se reflecte na conta da Água do próximo mês, esse bem do Planeta que se vê em Perigo com o Problema do Aquecimento Global. Se já sabiam disto tudo e seja o caso de me mandarem à....não facilitem o planeta precisa de nós.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Despontamentos 0023

Por mais lições que a vida te dê
não arranjas soluções para todos os esquemas
a razão é por si volátil
e podes acabar com vários problemas
mas o o objectivo é manter
sempre que possível a dignidade
a vida é dura
no betão da cidade
centro devoluto
vazio sem pessoas
periferia entupida
a ficar sem quintais
erros sociais
noticiais de marginais
mas sob a noite laranja
andam soldados da paz
organização subterrânea
sonhos de qualquer rapaz
fazer do muro telas
que cromatizam a urbe
ao som da batida lenta
que na cabeça rebenta

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Fossa de Babel Episódio 29

Focos de nevoeiro ligados por toda Babel faz dias que começaram a chegar as primeiras árvores de papel devido às naturais não aguentarem a poluição(alertando desde já para o facto de não haver papel para mais).
Quando já estiverem cinzentas de existência reenviam-nas para a Fossa onde não existem focos e tudo fica um pouco ainda mais triste como uma bailarina aprisionada numa caixa de música, e por vezes as luzes que se fazem sentir é uma ou outra árvore que se incendeia numa brincadeira de muídos.
Acordei entretanto a pensar que A Fossa tem os seus dias contados, vive duma forma insustentável debaixo duma estrutura ainda mais insustentável alguém tem que ceder e dar o exemplo ou este será o futuro que colheremos.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Anotações 015


Têm sido noites abandonadas com a cabeça a levar-me a lugares num passado artificial porque parece passado mas não aconteceu realmente.
Aos poucos com este processo pareço estar a pagar os pecados pela segunda vez, e como diria o meu mestre de karate....é neste mundo que pagamos os pecados....mas eu diria quem me é que alertou que os iria pagar no mundo dos sonhos...talvez e só apenas Peter Pan ou melhor o Capitão Gancho em si que foge do crocodilo com o relógio na barriga, como se fugi-se do próprio tempo querendo também ele ficar na Terra do Nunca.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Anotações 014



As gerações são uma coisa engraçada.As que nos precedem não nos entendem mas nós sabidões já marginalizamos as de baixo. Mas a parte mais engraçada é a das relações geracionais.
Digamos que tudo começa inocentemente nos infantários e na Escola Primária que iremos ser amigos toda a vida mas logo aparece a neblina do mudar de escola para o ensino seguinte e mais dois anos de esperança renovadas.
Mas talvez o grande choque seja mesmo a ida para o liceu, dos nosso ninhos antigos restam apenas um ou outro é tudo novo e começamos a mudar de personalidade. Atravessamos a crise hormonal da adolescência e falta de namoradas deu-me para atacar fortemente bolos e chocolates...mas adiante isso também se resolveu um pouco mais tarde.
No fim do liceu começamos a depararmos-nos com uma competição mais cerrada pois existe o problema de quem vai entrar na Universidade e a a primeira grande barreira social das nossas vidas ou seja...uma pequena vitoria ou grande como queiram....eu no meu caso pessoal não acabei o liceu!
Enquanto uns estudam e ouvem tunas outros andam já por o mundo do trabalho pagando a falta de atenção ou por escolha própria não podemos ser todos doutores....ou até poderíamos se o ensino fosse diferente.
E por esta altura que as vidas depois dos cursos feitos se arranjam os primeiros empregos e se começa a amargurara vida e aqui começa a lógica de que a minha é maior do a tua e as relações azedam.
Por causa de carros casas crianças televisores microndas etc....
Por causa de amores trabalho e outras pertenças.
São terríveis as vivências geracionais mas não podemos viver na "ilha".

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Anotações 013



A minha teoria bate certo...os melhores por-do -sois por aqui são no Outono....nuvens em forma de castelo e zás...coisas bonitas no céu um pouco maquilhadas é certo mas nem tanto...um abraço e beijinhos

Manhã submersa






Nos lugares aonde ninguém que ir meio submersos mas quando ultrapassado o medo de rara beleza (isto já sou eu a imaginar porque os conheço mais ou menos de muído não de uma forma tão radical) é o cenário de David o pescador de percebas que tem um sorriso sereno e uma voz macia como que quem se habituou a enfrentar a morte todos os dias (ou os dias que sejam). Passei um bom bocado junto a ele enquanto ele trabalhava as percebas falando um pouco da fé e da" fezada" da vida. Promessa de um novo encontro e cada um seguiu o seu caminho quase uma hora e meia depois....

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Anotações 012


Venham comigo pelos caminhos agrestes,levaremos apenas a aguardente para nos por dormente quando tilintarmos no frio. Não é um desafio de burguês entediado com a vida mas uma necessidade verdadeira e cortez não o teremos que fazer na bandalheira.
Venham comigo pelos caminhos agrestes aprender os nomes das plantas e das árvores por esses caminhos que ainda sobreviveram às estradas.
Venham e se formos muitos espelharemos-nos pelos quatros cantos da terra livres da civilização.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Fossa de Babel Episódio 28

Vómitos existências tenho-os a mais, manhãs obscuras e noites clareadas tudo pode ser narrado como um dor no eixo gravitacional que me deixam as costas tombadas cada vez mais parecidos com um personagem alien da minha infância.
E eu bem chamo por ela (por a terra), por esse pedaço onde a liberdade de sentir o vento da cara e de sentir que as pessoas não são figurantes e que tudo era como dantes apenas Nortada.
Mas lirismos repetidos à parte sinto uma revolta crescente e pouco crente não deixei de ser adocicado (talvez demais segundo algumas pessoas e talvez com razão) mas deixei de confiar nas mesmas e isso deixa-me triste muito triste mas não amargo.
Rodopio pela Fossa faz meses seguidos no meu quilometro quadrado expansível em busca de imagens que salvem desta claustrofobia espacial essa mesma que me comprime e me faz vomitar. Estamos fartos diria toda a gente.

Fossa de Babel Episódio 27







Num dos Terminais da Fossa ou se calhar estação desta terminologia sinceramente já não me recordo o que recordo é duma cena vivida faz uns "tempos" em que vi um sem abrigo a ser assistido pelo INEM dentro da estação, estava com um aspecto muito maltratado.
Sentia-se as dores da vida estampadas no rosto parecia-me na altura parco de palavras e a sua sina era esperar, esperar com sofrimento a vida arrependimentos à parte que isso já é outra história.
50 metros à frente uma cafetaria repleta ao fim da tarde, repleta de gente que espera aparentemente sem mais sofrimento que o sem abrigo numa abstracção total ordenada pela ditadura dos ponteiros do relógio.
O comboio da linha nº3 procedente de Babel com destino a Fossa Norte parte dentro de momentos e segue para o fim mais um dia.