sexta-feira, 7 de agosto de 2009

FOSSA DE BABEL

Passaram tantos anos e sem dedos para o piano, penso para mim aqui na cadeia nos caminhos possiveis para matar o tempo; um se te deixares ir embora no caminho da perdição para voltares a casa e continuares preso a ti o resto da vida e tens o caminho da redenção fazendo de cada minuto uma batalha contigo mesmo, mas não acredites que a verdade cura tudo, existem feridas que sempre ficam por curar por não ter a verdade à mentira de escapar.
O piano toca notas pesadas e eu sem as presas tatuadas verto lágrimas que me queimam a cara sem saber muito bem porque....porque...porque! A melodia é triste e os anos também (não que eu não seja uma pessoa alegre) mas passaram sem matéria, algo de verdade, das coisas que nos sustem.
Ouço a minha voz num subterrâneo e apenas me reconheço no eco, fizeram-me tantos espelhos que me tornei transparente, subo as escadas negras e vou dar a um beco. Estremeço de frio, desconfio da liberdade e o corpo gasto de ausência já não se alimenta de "saudade".